Precisa-se de especialistas em games*

Cursos na área de games surgem em Manaus para suprir a demanda de um novo tipo de profissional

Por Bruno Izidro

A boa fase no cenário de produção de jogos no Amazonas, com empresas como Samsung investindo na área e o aparecimento de estúdios como a Petit Fabrik – voltada somente para criar games, esta incentivando a criação de cursos de desenvolvimento de jogos em Manaus.

Esses cursos, que vão de profissionalizantes até pós-graduação, além de serem uma consequência direta do crescimento da produção local, também surgem para suprir esse mercado com um profissional especializado no desenvolvimento de games, algo que ainda é escasso na região.

“Manaus tem todo o potencial para se tornar um polo de desenvolvimento de jogos e esses cursos estão surgindo para formar esse novo profissional em games”, afirma Jucimar Maia, professor e coordenador do recém anunciado curso de Especialização em Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

O curso é inédito na região e pretende ir além de capacitação de profissionais para o mercado. Jucimar fala que um dos focos também está no empreendedorismo, o que será bastante incentivado entre os participantes. “Queremos que os alunos saiam do curso formando startups ou pequenos estúdios que produzam os próprios jogos e movimentem mais o cenário da cidade”, fala Maia.

Apesar da presença de professores da UEA entre os docentes, o curso ainda sente a necessidade de trazer profissionais mais especializados de universidades de outros Estados. “Principalmente de Pernambuco, que possui um polo de desenvolvimento de jogos bastante fortes”, afirma o coordenador do futuro curso.

Curso de Gamer Arte na Gracom Manaus – Foto: Alberto César Araújo/Amazonas Em TEMPO

Se o curso de pós-graduação da UEA irá formar profissionais já qualificados em programação ou design para o mercado de games local, quem quiser dá os primeiros passos na área tem a oportunidade nos cursos profissionalizantes que também estão surgindo na cidade, com destaque para a escola Gracom Manaus.

Há quase dois anos com sede na capital, a Gracom é uma escola de artes visuais que tem em sua grade o curso de Gamer Art, voltada para arte e modelagem 3D em games, e já estuda a possibilidade de ofertar um curso de Gamer Dev, com foco em programação e criação de jogos. O coordenador da Gracom, Rubens Bentes, explica que o curso não exige experiência na área. “Se o aluno já tiver um conhecimento prévio de design ajuda bastante, mas não é pré-requisito para fazer o curso”, afirma.

Cursos como esses são portas de entradas para os futuros desenvolvedores e profissionais na área de jogos. A média de idade dos alunos prova isso. De acordo com Rubens, a grande maioria são adolescentes ou jovens na média dos 20 anos.

Rubens fala que Manaus é a única cidade a ter sede da Gracom no Norte do país (as demais sedes da franquia estão todas no Nordeste) e a escolha para criar uma sede na cidade veio do potencial da região.  “Manaus tem um polo industrial com grandes empresas de tecnologia e videogames também são fabricados aqui, então a dependa por esse tipo de profissionais é maior”, conta Rubens.

Falta de profissionais na área

Enquanto programadores e designers amazonenses ainda não se qualificam na área de games, o mercado de desenvolvimento de jogos em Manaus preenche essa “lacuna” com profissionais especializados de outros Estados ou se adapta com a mão de obra local.

Quando a Samsung anunciou a criação de um estúdio dedicado a desenvolvimento de jogos mobile em Manaus no fim do ano passado, optou por trazer também profissionais de outras regiões. “Estamos colocando todos os nossos esforços para atrair profissionais qualificados, recrutando em Manaus, no resto do País e exterior”, falou, na época, a Vice-presidente da área de Media Solution Center para América Latina da Samsung, Fiamma Zarife.

Já o estúdio de games local Petit Fabrik trabalha 100% com profissionais da região, que, mesmo sem uma formação específica em games, já possuem experiências anteriores em desenvolvimento de jogos. O produtor executivo da Petit, Olímpio Neto, explica que, por ser uma área tão nova para o mercado brasileiro no geral, é normal a falta de profissionais especializados em desenvolvimento de games. “O mercado já se adaptou com os profissionais que estão disponíveis, mas com certeza pessoas com formação mais especializadas em games vão acrescentar ao mercado e será uma nova etapa para o cenário de desenvolvimento de jogos. O nível (dos profissionais) vai ser maior” fala Olímpio.

Estúdio Petit Fabrik trabalha com desenvolvedores locais – Foto: Diegao Caja/EM TEMPO

A partir de agora, a tendência é que apareçam cada vez mais cursos relacionados ao desenvolvimento de games na cidade e aqueça o cenário de produção de jogos locais com mais profissionais especializados na área se formando em escolas e universidades locais.

*Matéria originalmente publicada no jornal Amazonas EM TEMPO de 23 de março de 2014 (link aqui)